Dentre as possibilidades visuais, a contemporaneidade parece ter predileção por duas delas: o vazio e o excesso. E, o que num primeiro momento aparenta contradição, nada mais é do que a apresentação de duas faces de um mesmo fenômeno.
O demasiado valor dado à experiência sobressai-se num contexto em que a memória é substituída pelo frequente esquecimento. O excesso advém da necessidade de preenchimento deste vazio provocado pelas condições atuais, que insuflam a efemeridade na destruição do passado e construção de um presente contínuo.
Artisticamente, este período tem se refletido na fragmentação do tempo e espaço, no uso de sobreposições, na junção de materiais de origens distintas, na criação de objetos multiformes, na alusão crítica ao consumismo e hedonismo, etc.
Ao mesmo tempo, vê-se uma crise de identidade nos próprios artistas na dificuldade que sentem para constituição de uma marca subjetiva em seus trabalhos. Um terceiro desafio é que a busca pela utilização de novos materiais apenas para contrariar a forma tradicional acaba por negligenciar , muitas vezes, o conteúdo.
Pensando nisso, a exposição Cheiro de Nada aposta em representar conscientemente o vazio e o excesso atuais na busca por novos rumos estéticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário